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Imagem: Getty Images

Quando você vê um grupo de pessoas juntas, dificilmente consegue identificar se no meio delas existem alguém com uma doença crônica. Se essa pessoa tiver diabetes então, é mais difícil ainda de se perceber. 






Mas quem convive com o diabetes, sabe que alguns cuidados são essências para que tenhamos uma boa qualidade de vida e mesmo em grupo, a rotina de monitorar a glicemia e ministrar a medicação necessária, dentro dos horários e quantidades estabelecidas, não pode ser esquecida.



Mas será que a presença de outras pessoas pode prejudicar os cuidados com o diabetes?




Há alguns dias atrás eu estava na fila do banheiro de um shopping resmungando porque brasileiro sempre deixa para comprar os presentes no ultimo da hora. E eu tenho feito parte desse circulo de pessoas que naquele dia estava lá, apertada e enfrentando fila até para ir ao banheiro e torcendo para que desocupasse logo uma daquelas portas. 


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Imagem: Arquivo Google
Então de repente vejo cair próximo a uma daquelas portas, um glicosímetro e um monte de tiras. Eu entrei em choque. Enquanto a pessoa do lado de dentro sujava sua mão para pegar tira por tira eu fiquei pensando no tanto de bactérias estavam se alojando em cada uma delas. Meu Deus, o que levaria uma pessoa a medir a glicemia em um lugar desses?

Em poucos minutos desocupou uma das portas mas acabei dando lugar para a pessoa que estava atrás de mim. Fiz isso até que aquela menina, que deveria ter no máximo uns 14 anos, abrisse e saísse. 


Discretamente a segui em direção ao lavabo e enquanto lavamos aos mãos perguntei se precisava de ajuda. Ela meio sem jeito, agradeceu e disse que não precisava. Percebi que seu dedo ainda estava sangrando e perguntei se ela queria um algodão, pois minha filha tinha diabetes e eu sempre andava com algumas coisas na bolsa. Ela aceitou e se sentiu a vontade para me perguntar:


- Todo mundo ficou olhando para as coisas que eu deixei cair no chão não é? Eu me escondo tanto para que as pessoas não me vejam fazendo "isso" e paguei um mico desses.


Ficamos quase meia hora conversando, até que meu marido que estava preocupado, pediu para que minha filha mais velha fosse ao banheiro atrás de mim.


Deixei com ela meu cartão com meu telefone e o link do blog e pedi que ela me ligasse para que tivemos a oportunidade de conversar mais um pouco sobre o assunto.


Hoje ela é uma pessoa muito querida, sempre informo a ela quando vou palestrar em algum lugar sobre o diabetes e tenho o orgulho de poder recebe-la em casa para batermos longos papos. Conheci sua família e percebi que não são em todos lares que os pais tem condições de participar da vida do filho com diabetes e mesmo entendendo as dificuldades, acho esse um quadro muito triste e percebi que esta é uma das principais causas do constrangimento em compartilhar seus cuidados diante de outras pessoas. 



Imagem: Arquivo Google
Depois desse episódio, eu passei a observar outras pessoas: crianças, jovens, adultos e idosos, e percebi que essa "vergonha" em tratar o diabetes em publico atinge mais pessoas do que se imagina, e isso me serviu de alerta para que eu não descuidasse desse assunto aqui em casa.

Graças a Deus, pelo menos hoje, minha filha que já convive com o diabetes a três anos e meio, é bem resolvida em relação a esse assunto. Não se expõe demais ao ponto de chamar atenção exageradamente, mas não chega a ter vergonha ou receio de fazer algo em público.

É lógico que depende do lugar onde iremos aplicar a insulina, procuramos um lugar reservado (como no bumbum ou coxa), o que é perfeitamente compreensível. Mas tenho ficado mais atenta e vou fazer a minha parte para que ela possa crescer sem medos ou receios.

Fique atento você também, pois não podemos deixar de ter uma vida saudável e em harmonia com as nossas necessidades em função da opinião, dos olhares e até do preconceito de outras pessoas.