Imagem: Arquivo pessoal

Como o tempo passa depressa, parece que foi ontem que eu estava no corredor da UTI perguntando pra Deus como eu ia cuidar de uma criança de 2 anos com diabetes tipo 1, aplicar as injeções em uma pele tão delicada, dizer á ela que não poderia consumir alguns alimentos e ficar de olho para que na madrugada ela não entrasse em coma por causa da tão temida hipoglicemia noturna.








Pois é, mas não foi ontem...na verdade neste mês de março esta completando 4 anos que convivemos com essa condição e é incrível como Deus tem nos capacitado, como nos fortalece e como cuida de nós.

Hoje temos tanta coisa pra comemorar que não sei nem por onde começar, mas dentre tantas conquistas com certeza a melhor é a sua independência, que tem evoluído conforme você cresce e fico feliz em ver que cada esforço nosso valeu a pena. 

Um dia desses antes de ir para a escola eu falei: 

- Cuidado pra você não pagar mico na educação física hein, se começar sentir que a glicemia esta baixa, avisa a professora.

E ela respondeu:

- Mãe, pagar mico é deixar as pessoas pensarem que eu não sei me cuidar... e você sabe que eu sei né!

Imagem: Arquivo - Corrigindo a Hipoglicemia
Como é bom saber que ela esta entendendo a importância de saber se cuidar e hoje eu posso comemorar coisas pequenas mais importantes, como: aplicar insulina sozinha (monitorada por um adulto), medir a glicemia, fazer as escolhas e combinações certas dos alimentos e se mostrando uma criança disciplinada. 
Um dia desses resolveu caminhar comigo (eu sempre atenta, mas só observando), quando atingimos 1km ela tranquilamente pediu para parar para medir a glicemia, estava com 68 e ela disse: Vamos fazer um comer nosso lanchinho mãe, depois continuamos.


Cada dia aprendemos um pouquinho mais e eu fico muito orgulhosa com cada conquista, porque sei que nem sempre eu vou estar ao lado dela, mas essa consciência tem se tornado um alicerce para algo muito maravilhoso que esta sendo construído. 

É muito bom quando faço um alerta sobre alguém que esta comendo algo que ela não pode consumir e ela com tranquilidade me diz: "Confia em mim manhêeee!

E viva a independência... mesmo que ainda seja pequena e ainda muito pouco significante para muitos, acredite, é uma conquista importante e deve ser valorizada e comemorada. 
Que evolua a cada dia.

Imagem: Iluminalma





Imagem: Arquivo Pessoal - retorno das aulas
Descobrir que tem diabetes, ou que estará cuidando de alguém nessa condição é algo que em um primeiro momento assusta, mas nada como um dia após o outro para que a caminhada se torne mais amena. 













O diabetes é uma doença caracterizada pela deficiência na produção e/ou ação da insulina no corpo, sendo que:

No diabetes tipo 1 ocorre a destruição autoimune das células produtoras de insulina e seu diagnóstico costuma ocorrer durante a infância ou adolescência e mais raramente em outras faixas etárias.

No diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, porém há incapacidade de absorção. É mais comum em pessoas acima dos 40 anos, normalmente sedentárias, acima do peso ou que não mantém hábitos saudáveis, porém nos últimos anos isso tem ocorrido também com pessoas mais jovens. 

A partir do momento que identificamos qual o tipo de diabetes, iniciamos uma nova caminhada, onde muitos chamam de "Lua de Mel com o Diabetes". 

Por mais que você acredite que conheça sobre o diabetes, você vai se surpreender ao passar a conviver com esta doença.

A informação precisa fazer parte de nossas vidas, pois quanto mais nos conhecemos sobre a doença, a dieta, a medicação e as consequências, melhor iremos administrar tudo isso em nosso dia a dia. 

Mas vou te contar algo que também é muito importante: Não basta você entender sobre o diabetes, você precisa em especial, entender sobre o diabético. 

Imagem: Arquivo pessoal - furando o dedinho
Já ouviu falar que cada ser humano é único, pois se não acreditava nessa frase, a partir de hoje vai passar a acreditar, pois é possível perceber como os alimentos podem agir de forma diferente no organismo de cada pessoa, que cada um tem um tipo de atividade física que mais lhe dá prazer, que uma gripe pode causar stress que até então era invisível aos nossos olhos e como aborrecimentos podem trazer consequências negativas no resultado de cada nova aferição da glicemia. E tudo isso vária de uma pessoa para outra.



Conviver com o diabetes não é fácil e apesar de todos os avanços da medicina, ainda não existe a cura e essa informação pode mexer muito com a cabeça das pessoas.

Amor, carinho, com certeza são ingredientes que não irão faltar no seu lar, mas coloque também uma pitadinha a mais de paciência, um pouco mais de atenção, prolongue as conversas, se atente aos sinais e as reclamações que muitas vezes os lábios não dizem, mas que os olhos não poderão esconder de você.

Em alguns momentos o coração pode ficar triste, apertado e são nessas horas que ter pessoas que se te entendem pode fazer a diferença.

Imagem: Arquivo Pessoal - auto-aplicação
Ser firme sem perder a ternura, orientar quanto aos benefícios da disciplina, alertar sobre as consequências dos atos impensados e mostrar que a independência é possível, mas que se precisar você vai estar ali do lado apoiando.
É um longo caminho mas com o tempo, você passará a conhecer o que fragiliza o paciente, o que o deixa forte e vai passar e em alguns momentos você vai até arriscar através de um olhar a saber como ele esta se sentindo.



Hoje os médicos se impressionam como eu e a Bia temos uma sintonia boa, e só temos que agradecer a Deus por isso, mas sabemos que não foi fácil, mas que vale muito a pena.  

Convivemos com pessoas que tem histórias lindas pra contar e com elas aprendemos um pouquinho mais a cada dia, sobre falar abertamente sobre o diabetes, sobre as vontades, os sonhos e sobre compartilhar com as pessoas o que nos faz bem.

Acreditar que você pode fazer a diferença, vai te dar a oportunidade de contribuir mais do que você imagina.

Invista nisso!

Você pode, você consegue!

Um abraço a todos e até a próxima.